Primavera Sound Porto 2024 (3º Dia): Uma despedida feita entre glórias eternas do passado e propostas vanguardistas do presente

A revolta feroz e empoderadora de Mannequin Pussy

Durante a última década, são poucas as bandas que tão bem reproduzem a essência da música punk e a redefinem ao seu próprio ritmo como os Mannequin Pussy. Moldadas em torno da volatilidade e postura implacáveis da vocalista Marisa “Missy” Dabice, as canções que compõem, embora sigam uma abordagem universal, conseguem temperar explosões revigorantes de agressividade com uma sensibilidade relativamente omissa noutros atos equiparáveis, conseguindo ainda fundir pedaços de hardcore ou componentes melódicas dentro dos tradicionalismos do seu estilo-base. É um dinamismo que, para além de os colocar na vanguarda do rock contemporâneo, aprenderam a dominar e até mesmo aperfeiçoar com I Got Heaven, um quarto longa-duração onde a vulnerabilidade e o caos enraivecido se apresentam como duas antagónicas caras-metade de uma filosofia assente na autoridade e na revolta contra o sistema.

Fotografias da Autoria de Bruno Ferreira @ DIREITOS RESERVADOS

A estreia dos Mannequin Pussy em território nacional, iniciada à chuva com I Don’t Know You e perante um Palco Porto que merecia estar mais lotado para amplificar a sua postura desafiadora, converteu emoções viscerais e discursos inflamados numa espiral de catarse, capaz de implodir toda e qualquer forma de opressão. Após uma entrada com a intensidade em crescendo, foi a partir da revigorante Loud Bark que a fúria de Missy tomou conta de si própria. Antes de I Got Heaven, declarou que não se subjuga a “qualquer religião que não deixe as pessoas viver à sua maneira”, enquanto, em Perfect, desdobra-se num ataque de risos intercalados por ladrares, quase como se libertasse aos poucos das expectativas patriarcais sobre como uma mulher deve ser e agir. Mais tarde, volta a fazer um pertinente ataque aos Estados Unidos, por “todas as atrocidades cometidas contra o povo palestiniano” – “nós temos vergonha da América” – ou ceder o protagonismo ao baixista Colins “Bear” Regisford, que encabeça Pigs is Pigs como um confronto direto à brutalidade policial. São mensagens como estas que, para além de nunca desprenderam do ethos dos Mannequin Pussy (e do núcleo da cultura punk), tornam cada afronta ou grito gutural (como os que Missy desencadeia na plateia, já a chegar ao fim do alinhamento) numa sensação de libertação inabalável e congregadora.

A mestria assente nas meditações de billy woods

À mesma hora que Jarvis Cocker e companhia eram recebidos por uma onda humana de fãs, billy woods entrava casualmente no Palco Plenitude. Para além da sua visível “dissonância com a exposição mediática associada a estes espaços”, o rapper nova-iorquino tem sido uma figura ímpar no universo contemporâneo e mais underground do hip-hop norte-americano. A última meia década, especialmente, tem-lhe valido o mais notável pico criativo no seu já longo e estonteante percurso artístico, destacando-se as suas investidas com a sua cara-metade nos Armand Hammer, ELUCID, ou então um Aethiopes cuja análise metódica ao nosso passado colonial e histórico lança “uma sombra atormentadora sobre cada minuto do mesmo”. O motivo da sua primeira vinda ao festival, contudo, surge da sua segunda reunião colaborativa com o produtor Kenny Segal, com a capa de Maps a ser, inclusive, projetada por detrás de Woods e do seu discreto estaminé. Nunca se assumindo, para além das suas figuras centrais, como uma sequela trivial do enigmático Hiding Places, a dupla debruça-se sobre a agenda conturbada e viajante associada ao mundo artístico para expor uma “rotina inegavelmente desorientante e em constante movimento” e, acima de tudo, “intrigante dinâmica entre o artista e a sua profissão”, que se vê “perfeitamente traduzida nas vinhetas instrumentais de Segal”.

Fotografias da Autoria de Bruno Ferreira @ DIREITOS RESERVADOS

Mesmo sem aparatos ou iluminação de maior, foi impossível não manter os olhos fixos na presença imponente de woods, reduzida a uma mera silhueta e colocando, como consequência direta, ainda mais ênfase nas suas observações labirínticas. Antes de Wharves, por exemplo, dirige-se a uma plateia infelizmente a meio gás (devido à sobreposição com a atuação dos Pulp) para relembrar a exploração vivida há séculos, nas imediações do recinto: “como estamos perto do mar, onde chegavam [navios com] escravos, sinto que este próximo tema é adequado”. E quer embarque em visões impiedosas durante Asylum e No Hard Feelings, prefira o boom bap apurado de FaceTime ou então os beats nebulosos de Soft Landing e Hangman, woods injeta cada momento da sua atuação com uma densidade implacável, deixando cada um dos seus fãs em suspenso com o alento progressivo de cada rima, quase como se a intensidade com que se exprime no microfone se apoderasse aos poucos do seu corpo e voz. E se ainda consegue repescar a longínqua Crocodile Tears para dar resposta a um pedido prévio, são Remorseless e Pollo Rico as duas faixas que lhe valem um culminar tão explosivo como minimalista, confirmado em tons de vitória por todos os presentes. “Não fiz nenhum soundcheck, por isso se me conseguem ouvir bem, devo tudo às pessoas responsáveis pelo som”, agradece Woods com um carisma inimitável, antes de revelar que irá estar na zona de merchandising durante poucos minutos e que tem um voo para apanhar na manhã seguinte, a caminho de outros destinos, púlpitos e seguidores, preparados para refletir ao seu lado.

A requintada máquina do tempo dos Pulp, as eternas lendas do brit pop

Depois da lição zelosa de billy woods ali ao lado, o Palco Vodafone já se encontrava absolutamente rendido ao terceiro concerto dos Pulp em território nacional – e o 546º no total – na segunda metade do alinhamento. Embora o seu enigmático vocalista tenha estado recentemente presente na edição de 2019 do festival com o seu projeto paralelo, Jarv Is, há mais de uma década que o público em geral, incluindo o português, não tinham a oportunidade de ver uma das mais enigmáticas bandas de brit pop neste formato. Esta sua segunda reunião formal, apesar dos seus assumidos contornos saudosistas, presta-se a uma epopeica e requintada viagem ao passado, pontuada por uma marcha irrepreensível de êxitos incontornáveis e um acutilante Jarvis Cocker a saber envergar, melhor do que ninguém, o papel de mestre de cerimónias.

Fotografias da Autoria de Bruno Ferreira @ DIREITOS RESERVADOS

A natural passagem do tempo, claro está, tem os seus efeitos em cada um dos presentes. Se a enchente a quem Cocker estendeu a mão quis refrescar a memória das suas inúmeras glórias passadas, também somos capazes de admitir que o próprio já revela o peso da idade, ainda que continue com a classe e o magnetismo a que nos têm vindo a acostumar desde a sua primeira passagem por estas terras (na edição de 1998 do extinto Imperial ao Vivo, um marco lembrado antes de Do You Remember the First Time?). Ainda chegámos a tempo de apanhar o último trecho eufórico da assumida “despedida de solteiro” de Cocker – vai-se casar novamente em breve. Vemo-lo ascender teatralmente a um sol artificial em Sunrise ou iniciar Like a Friend propositadamente em lume brando (fazendo uso da sua voz e guitarra para mais tarde provocar uma transição monumental para o tema na sua integridade). E mesmo que já tivessem entregue 100 ou 110% da sua aptidão, ainda houve fôlego para a eterna Common People, tão ou mais oportuna e triunfante hoje em dia como há três décadas atrás. Quase como por magia, a realidade de 2024 esbate-se com a de 1995 e o tema que cimentou os Pulp para a intemporalidade é cantado altivamente por todas as periferias de um recinto que parecia estremecer com tantos saltos e explosões de alegria. Afinal, o que o tempo não apaga, a memória, também ela, ajuda a preservar.

O regresso seguro (e bem-amado) dos The National

Já não restam dúvidas de como Portugal bem podia ser uma segunda casa para os The National, se assim o quisessem. Ainda em outubro passado, essa sinergia entre ambas as partes foi clarividente na sua passagem pela Super Bock Arena, com os seus clássicos de sempre a envelhecerem “com uma elegância invejável, sem qualquer data de validade à vista”, e com uma “escala hínica, capaz de convencer fãs de todas as idades pela via do existencialismo contemporâneo, tão explícito nas letras de Matt Berninger e, talvez por isso, tão transgeracionais”. É uma fiabilidade que lhes continua a valer uma crescente popularidade, bem para lá dos perímetros mais alternativos, e a repetida aposta no mercado nacional.

Fotografias da Autoria de Bruno Ferreira @ DIREITOS RESERVADOS

A passagem dos norte-americanos nesta edição do Primavera Sound Porto marca a décima presença do grupo no nosso país em praticamente uma década e o 22º desde que iniciaram a sua carreira, há praticamente 25 anos. Apesar deste remédio se recomendar “efetivamente a todos”, começa-se a sentir um compreensível desgaste dos menos devotos perante mais uma maratona tão impetuosa como intransigente pelos vestígios mais gloriosos do repertório dos The National, correndo o risco, tanto nos últimos dois álbuns editados (First Two Pages of Frankenstein e Laugh Track) como na transposição das suas faixas para este registo, “de se tornarem num cliché de si mesmos, preferindo, para o bem e para o mal, jogar pelo seguro”. Tendo ainda a circunstância acrescida de tentarem atenuar as mágoas que surgiram ao longo do festival, a verdade é que, perante uma legião de fãs afáveis “que vêem em cada reencontro ao vivo uma oportunidade de se apaixonarem pela banda como se fosse a primeira vez”, Matt Berninger e companhia voltaram a demonstrar a plenitude do seu legado com uma amostra conservadora, mas não menos monumental de cada recanto e era artística dos The National. Numa versão mais contida do alinhamento apresentado na última digressão europeia, Fake Empire, I Need My Girl ou The System Only Dreams in Total Darkness, por exemplo, continuam a provocar descargas emocionais ímpares, ao passo que a epopeica Space Invader começa e acaba sem impacto de maior, ainda que valha a Berninger uma entrega incansável. Já em Mr. November, e depois de anunciar o seu voto em Joe Biden nas próximas eleições norte-americanas (recebido com mínima importância por quem ali passava), dirige-se ao fosso para partilhar a ânsia existencial das suas letras com as filas da frente, mostrando que “especialmente nos seus hinos mais consensuais”, consegue propagar a universalidade da sua música pela grandiosidade de qualquer cenário. Para quem vive cada hino dos The National como um ritual religioso, sobretudo, foi mais uma soberba empreitada com contornos inegavelmente transcendentes.

A despedida incendiária de Arca a mais uma edição do festival

Para quem quis encerrar mais um fim-de-semana de música no Parque da Cidade, não podia haver um choque estilístico mais acentuado do que passar da melancolia assente dos The National para mais uma incursão extasiante de Arca por território português. Para além da sua pegada artística inquestionável, o que a artista venezuelana tem encarnado ao longo da última década é um daqueles raros casos de espontaneidade total e “uma figura assumidamente indefinível”, apresentando uma eletrónica angular que, tal como testemunhamos na mais recente edição do MEO Kalorama em setembro passado, enaltece por completo esta sua “postura desafetada de fazer música”.

Fotografias da Autoria de Bruno Ferreira @ DIREITOS RESERVADOS

Nove meses depois dessa passagem por Lisboa, são muitos os traços definitivos que se repetem. Recebida fervorosamente como a força magnética e hiperfluída que sempre demonstrou ser, Arca conduz cada atuação com uma mistura de imprevisibilidade e magnetismo espelhada em cada elemento da sua suíte multifacetada, “onde a desinibição sexual é uma garantia e a tenacidade de Arca uma constante”. Rodeada por uma mesa de mistura, uma sex room composta por bancos e correntes metálicas, bem como um conjunto de vidros que não sobreviveram à primeira metade do espetáculo sem serem derrubados, o simples ecoar do trio irresistível das suas faixas mais assumidamente reggaetonPrada, Rakata e Tiro – provoca uma dançável onda de choque nas filas da frente. Com Riquiquí, El alma que te trajo e La Chíqui (com direito a um breve tributo à falecida SOPHIE) a provocarem um efeito igualmente irresistível, os seus hinos mais mutáveis, reformulando as fórmulas da pop sob uma ótica vanguardista e disfuncional, servem como prova máxima da sua destreza em levar cada estilo musical a novas fronteiras e extremos, nunca se prendendo num só conceito por muito tempo. São, no entanto, Anoche e No queda nada que revelam a belíssima fragilidade escondida por detrás do frenetismo predominante. Nem o seu tacão quebrado, quando desceu ao fosso para ter um contacto direto com os fãs, conseguiu estragar a derradeira festa do Primavera Sound Porto 2024, feita ao som de uma das figuras mais transfiguradoras e imponentes a operar dentro e fora dos limiares identitários.

Balanço final do Primavera Sound Porto 2024

Desde o seu regresso pós-pandémico em 2022, o Primavera Sound Porto tem ambicionado crescer para além da sua essência original. É uma ambição inerente à vasta maioria dos grandes festivais de música, muitos deles seus concorrentes diretos ou, no caso da edição-mãe de Barcelona, parceiros inseparáveis. Juntos, têm sofrido com o dilema de preservar o seu espírito original sem que isso sacrifique uma expansão a novos públicos e experiências diferenciadoras.

Foi algo que ficou imediatamente percetível com o anúncio do cartaz para esta última edição do evento portuense, destacando-se, claro está, a inclusão de Lana Del Rey, uma das maiores artistas dos últimos quinze anos de cultura pop a quem verdadeiramente se pode atribuir uma dimensão transgeracional. Ainda que tenha sido, afirma o diretor do festival, José Barreiro, em entrevista à BLITZ, “a artista mais difícil e das mais trabalhosas de trazer até hoje”, provou-se certeira, quebrando um recorde extremamente positivo de afluência em toda a história do evento: 40 mil pessoas num só dia, quase metade da totalidade do público no decurso de toda a edição, encantadas com a ”presença milagrosa” da artista norte-americana. Foi, aliás, uma das múltiplas atuações que enalteceu a revolução feminina que o festival procurou celebrar em várias frentes, fale-se da “herança inebriante” de PJ Harvey, da “encenação humanista” de Mitski, da “aliciante montanha-russa emotiva” de SZA e da “coroação teatral” das The Last Dinner Party – sem esquecer, igualmente, a fervorosa exibição de Mannequin Pussy, anteriormente referida neste mesmo artigo. São exemplos da força permanente do cartaz do Primavera Sound Porto, apresentando uma opção menos dispendiosa (e com um ambiente bem mais relaxado, em muito amplificado pelo espaço verde do Parque da Cidade) em relação a Barcelona e que procura transparecer a mesma variedade estilística oferecida no país vizinho.

Os nomes históricos do panorama mais alternativo mantiveram o seu merecido lugar em 2024, como se verificou com as apostas em The National, Pulp, Blonde Redhead e American Football (aproveitando o 25º aniversário do seu notável disco de estreia). Convém também salientar o reforço na música portuguesa e lusófona, de Ana Lua Caiano e MAQUINA. a Ana Frango Elétrico e André Henriques, que poderia beneficiar de um destaque ainda maior do que o concedido. Em contrapartida, a eletrónica ficou sem o seu espaço dedicado, o Palco Bits (devido, alegadamente, às obras em curso pelo proprietário do terreno, o Sport Clube do Porto), perdendo, como consequência direta, algumas das propostas fortes apresentadas por Barcelona, como Sega Bodega, The Blessed Madonna, Sofia Kourtesis, DJ Ramon Sucesso ou a portuguesa XEXA. O mesmo se pode aplicar, por exemplo, ao hip-hop, que, ainda assim, confiou a billy woods e Conjunto Corona a tarefa de saciar o desejo deixado nos últimos dois anos pela vinda de Kendrick Lamar, Pusha T, Little Simz ou Earl Sweatshirt.

Fotografias da Autoria de Bruno Ferreira @ DIREITOS RESERVADOS

A grande mancha do Primavera Sound Porto 2024, contudo, surgiu na interdição total do Palco Vodafone durante o segundo dia de atuações. Como foi reportado pelo Jornal de Notícias, a sua “montagem inábil, com risco de aluimento parcial por excesso de peso” (e que, alegadamente, “não estarão diretamente relacionadas com o mau tempo” sentido durante o “baile errático” dos MAQUINA.) impediram o regresso dos Justice, sete anos depois da sua última passagem pelo recinto, e à realocação das atuações de The Legendary Tigerman, Classe Crua e Mutu para um outro local e horário. O cancelamento do espetáculo da dupla francesa só foi notificado à hora da passagem dos This Is The Kit pelo Palco Plenitude e sem referências de maior nas plataformas de comunicação do evento. Some-se a isso um Palco Porto que continua a não convencer a totalidade dos “festivaleiros” (não há como superar, diga-se, o maravilhoso anfiteatro natural proporcionado pelo Palco Vodafone), a manutenção da sua zona VIP junto ao fosso (ocupando metade do comprimento das filas da frente), as longas filas à entrada e saída no segundo dia ou as anulações inesperadas, por razões familiares e de saúde, dos concertos de Lankum e Ethel Cain. Forma-se, assim sendo, um conjunto de circunstâncias que acaba por assombrar uma edição menos conseguida do festival, aquém do experienciado noutros anos glórios.

Apesar das críticas apontadas pelo seu público, a magia que fez do Primavera Sound Porto “um dos eventos musicais mais destacáveis e heterogéneos no panorama português” continua a estar presente na sua identidade e a valer a gratidão do seu público-alvo, que tem procurado, na sua generalidade, reforçar a aposta ano após ano. O que continua a ser um evento incrivelmente apelativo para os melómanos e fãs de música alternativa, porventura, vê-se agora confrontado com as possibilidades e pressões inerente à sua massificação. São inúmeras as memórias inesquecíveis e libertadoras que o festival tem vindo a proporcionar ao longo de doze anos de história, fundamentais para ter ganho a reputação que detém atualmente, dentro e fora de portas. É um legado incomensurável que qualquer fã não esquece, contribuindo diretamente para o preservar. Perante uma das edições mais adversas da sua história, esta será um motivo suficiente para a organização continuar a trabalhar para manter vivos os princípios e memórias do passado ao serviço do seu futuro.

Já é garantido que o Primavera Sound Porto regressará em 2025, entre os dias 12 e 14 de junho. Este ano, o festival recebeu cerca de 100 mil pessoas ao longo dos três dias de programação, destacando-se os números recordistas registados no segundo dia, com 40 mil pessoas a marcarem presença durante a atuação de Lana Del Rey. No futuro, será anunciado um novo cartaz para a 12ª edição. Segue toda a cobertura da mais recente edição do festival (e de vários eventos futuros) através do nosso website e nas redes sociais da CONTRABANDA.

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