Machamba: Um novo capítulo na cultura portuguesa
Num panorama cultural português ávido por novas experiências, surge a Machamba, uma promotora de eventos que se propõe a ser mais do que apenas uma plataforma para artistas…
Nascida da mente inquieta de Luís Masquete (booker na gig.rocks e assessor de comunicação nos Maus Hábitos), este projeto surge como uma lufada de ar fresco no panorama cultural português e transatlântico. Mais do que uma promotora de eventos, será uma ponte que liga Portugal ao mundo através da música, da arte e da cultura. É um convite à viagem, um portal para um mundo onde a diversidade cultural se celebra em cada canto…
O nome “Machamba”…
…existe no português europeu, mas Masquete trouxe-a consigo do Changana (crioulo do sul de Moçambique) dos tempos ávidos de miúdo em Maputo. É uma palavra à qual carrega significado, evoca a sua herança e representa a vontade de transportar o público para um universo de descobertas sensoriais. As viagens entre Moçambique e Portugal mostraram-lhe uma gap de conhecimento que o típico português, normalmente, não possui perante a cultura que ultrapassa o Atlântico (quando comparado com outras ex-colónias do Estado Português). Porém, o promotor não refere isto como uma crítica ou reivindicação de algo, mas sim, apenas como uma constatação de factos.
Apesar de ter raízes na infância do seu fundador, não se limita a uma referência geográfica. Assume um significado mais amplo, representando um espaço fértil para o desenvolvimento da cultura e da criatividade. Um lugar onde diferentes estilos musicais se cruzam e se fundem, criando uma experiência única para o público. Pegando então neste conceito, quer ser uma promotora que mostra aos agentes culturais, aos públicos e aos media: projetos com uma certa peculiaridade (não só de forma artística, mas também linguística e quiçá conceptual). Contudo, não é um projeto identitário, o seu ponto fulcral, é promover todo um multiculturalismo entre nações e continentes.
Muito se avizinha no seu futuro! Para já, fica-se pela promoção de eventos. Na semana passada, já nos trouxe até aos Maus Hábitos Mary Ocher – a russa de ascendência judaico-ucraniana que nos convidou para uma dimensão onde a pop, a política e o experimental deram as mãos à lírica sombria. Agora, estamos todos convocados para explorarmos a dimensão desta nova promotora mais a fundo, esta dia sexta, dia 22 de março, no Passos Manuel.
Mais do que um evento…
Com dois concertos e dois dj sets, a estreia da Machamba no Passos Manuel junta à mesa a dupla neo-folk Arianna Casellas y Kauê, o afro-futurismo de Faizal Mostrixx e uma cabine (bem) entregue às locais Caro Parrinha e Techorpsen.
– Luís Masquete, Machamba
Arianna Casellas y Kauê
A dupla venezuelano-brasileira tece melodias que transportam o público para as ruas de Caracas e São Paulo. Com o EP “Rua Dura” como bússola, navegam por um passado que se recusa a ser esquecido, guiados pela voz doce de Arianna e pelo virtuosismo de Kauê no cuatro, instrumento tradicional venezuelano. A sua música é um convite à nostalgia e à reflexão, um abraço caloroso que celebra a ancestralidade e a força da cultura latino-americana.
Faizal Mostrixx
Embaixador da arte moderna senegalesa, Faizal Mostrixx é um artista multifacetado que desafia categorias. DJ, coreógrafo, artista visual e produtor musical, Mostrixx apresenta um universo criativo único que se traduz em performances vibrantes e contagiantes. O seu mais recente disco, “Mutations”, é uma explosão de polirritmias africanas que se fundem com estilos como o footwork e o amapiano, numa noite que convida à dança e à celebração da vida.
Caro Parrinha e Techorpsen
Duas DJs portuenses que assumem o comando da cabine, completando a noite com sets contagiantes que celebram a multiculturalidade e a diversidade musical. Através de uma seleção musical meticulosa, Caro Parrinha e Techorpsen tecem uma atmosfera única que convida o público a conectar-se com diferentes culturas e estilos.