aMijas no gnration: o xixi vermelho da amizade punk!
Em véspera de outono, as aMijas reuniram fãs, família e amigos para a apresentação de mais um Trabalho da Casa, o projeto do gnration que promove a criação musical na cidade de Braga.
A banda que junta Ana Gonçalves, Ana Sousa, Dora Vieira, Fernanda Rodrigues, Júlia Brava, Marta Sofia e Vanessa Silva apresenta-se como um produto de influências punk, pimba e pop, sem nunca nelas se encerrar. O nome, nascido da união gravitacional de fluídos corporais, reflete o poder da amizade feminina e das “hormonas que fazem acontecer”, nas palavras da vocalista Júlia.
Na noite de 21 de setembro, miúdos e graúdos testemunharam na sala bracarense a estreia de mais um projeto nascido no seio do Centro Comercial Galécia, sob a asa da Cantigas do Poço. O espaço, que é atualmente casa de cerca de 30 grupos, é mais um exemplo da importância das salas de ensaios acessíveis aos artistas emergentes, de onde brotam organicamente comunidades do underground. Naturalmente, além dos seus originais, as aMijas não puderam deixar de passar por temas de Decibélicas ou Vai-te Foder, bandas vizinhas do Galécia.
Mijo Connection, o primeiro tema que compuseram em conjunto na residência, fez o cerimonial corte da fita e abriu o concerto para um público ainda tímido e encasacado. Ainda assim, à semelhança do ‘xixi da amizade‘, a boa energia rapidamente fluiu para fora do palco e qualquer cético se terá convertido ao poder das sete aMijas. A potência inesgotável de Júlia Brava e a calma confiante de Vanessa Silva nesta dupla de vocalistas, deram a cara a um conjunto sempre descontraído (apesar de terem confessado, pelo meio, um resquício de nervosismo).
Fotografias da Autoria de Francisco Alves @ DIREITOS RESERVADOS
As canções, ancoradas em experiências do quotidiano, traziam sob a fachada humorística uma angústia consciente do absurdo da realidade. O primeiro single, Mirone Digital, levou a palco o doomscrolling e o lixo digital que consumimos para manter a cabeça distraída, porque “ser dá tanto trabalho”. Outras músicas como Mamografia Por Satélite, baseada numa história real, ou Xixi Vermelho, tema pertinente sobre o que é a menstruação na mente de uma criança, inspiram-se na necessidade de educar homens para a realidade feminina. E estamos muito gratos por isso! É mais do que necessária esta desconstrução e construção de ideias sobre o que os nossos corpos fazem ou não…
Entre balões, doces que “grudam no dente” como as aMijas grudam no ouvido, a festa foi-se fazendo com a ajuda das crianças que brincavam na fila da frente e ainda houve dança com o público ao som de Chora No Meu Colo, de Ágata. Perto do final, subiu também ao palco, Tricla (agente do caos e padroeira das boas máscaras) para cantar um tema composto em conjunto com a banda. A rapper, também filha do Poço, regressou para o encore muito pedido pelo público, entre fortes aplausos.
O álbum, prometido em suportes físicos e em todas as plataformas digitais reais e ainda por inventar, deverá chegar até ao final do ano. Entretanto, como é de esperar na cidade dos arcebispos, a porta ficará aberta ao som cru e pujante das aMijas.
Potência feminina necessária!!!