SonicBlast Fest: um Sentimento de Realização e Gratidão!

Depois de uma primeira noite intensa e emocional, o segundo dia do SonicBlast prometia novas descobertas e um mergulho mais profundo nas sonoridades do festival. Se a véspera nos surpreendeu com momentos de pura libertação e introspeção, o que estava por vir era um convite para continuar esta aventura sonora e emocional. Com a adrenalina ainda a pulsar e a mente ansiosa por mais, era hora de nos prepararmos para a próxima rodada.

Âncora convida-nos a deslizar sobre o asfalto ou nas ondas do mar, como se voássemos sem asas, sentindo o vento como aliado e o chão como parte de nós. À medida que a música vibra e dissolve as fronteiras entre o eu e o todo. Assim como uma viagem a Marte, o SonicBlast desafia-nos a entregarmo-nos ao fluxo do instante e explorar o momento, mas esqueceu-se do movimento…

Servindo o chá:  Apesar de uma forma inicial ter achado uma certa piada às torres gémeas, a meio do segundo dia, já não aguentava muito tempo entre elas. Sou inimiga do fim, mas vamos com calma!  Uma gaja também curte chillar tanto como trashar.

A falta de dinamismo gerou um problema de circulação e interação. Como sou socialmente ansiosa, senti uma necessidade enorme de encontrar escapes. Felizmente, o vai e vem entre slots, apesar de esgotar a minha energia em certos momentos, também facilitou sair e entrar no recinto sem sentir que estava a perder muito.

Explorar o que a natureza nos oferece cria uma harmonia como pinceladas vivas numa tela cósmica. No entanto, com tantos artistas presentes, questionei-me onde estava a arte da pulsação libertária.

Por falar em arte, vamos lá ao que interessa!! Jesus The Snake, abriram as hostilidades do segundo dia.

Fotogaleria AQUI

Apesar de não ter estado presente de frente, tive uma visão costeira entre a fronteira de uma pequena janela, que me permitiu ouvir. Foi bonito ver o pessoal a chegar e aglomerar-se, foi mesmo! Claro que me deu vontade de parar tudo que estava a fazer e seguir para lá, mas as vezes sou responsável. Também não sou de deixar coisas a meio, e ouvi mas não vi Madmess (isto de chapar texto, obriga a sacrifícios). Felizmente, foram o antídoto perfeito para deixar a inspiração fluir, levando-me para o meu espacinho mais seguro. – Obrigada bebés, gosto mesmo muito de vocês!!

Fotogaleria AQUI

Ironicamente, rendi-me a uma vibe clássica do metal (sou mais de tupatupa). A combinação das harmonias da guitarra dupla do Thin Lizzy com a densidade Melvins Style e uma pitada de psicadelia proto-metal, não deveria soar tão revolucionária quanto soa nas mãos dos Deathchant. O som deles é único e transcendente, misturam ruídos ressonantes e melodias cintilantes, boogie bluesy, thrash, grunge e fúria punk em momentos distintos, às vezes todos de uma vez. Embora as suas músicas sejam concisas e bem elaboradas, grande parte é improvisada, tanto em estúdio,como ao vivo. Não são jam sessions, mas composições organizadas.

Fotogaleria AQUI

E SACRI FUCKING MONTI ? CAUSA SUI ? FOI MARAVILHOSO! ANCESTRAL! GENIAL! Finalmente as torres gémeas fizeram o seu papel!

Sacri Monti é uma tempestade elétrica que emerge das cinzas do rock psicadélico e do heavy blues, carregando a intensidade crua de uma era passada, mas com energia renovada. São alquimistas sonoros, transformam o peso da guitarra em ondas de êxtase e melancolia, tecendo melodias que nos transportam para as fronteiras entre o sonho e a realidade. A música deles é sentida nas profundezas do ser, cada acorde destranca portas mentais! Há um ritual nas suas composições, que nos leva a uma dimensão onde o tempo se dissolve e o som é a única verdade. Solos de guitarra distorcidos são gritos de liberdade, enquanto baixo e bateria criam uma base sólida para essa procura florescer. E Causa Sui é uma viagem transcendental onde cada nota é uma gota que dissolve as barreiras entre o eu e o infinito. – EMBARQUEI NUMA EPOPÉIA ESPIRITUAL.

Fotogaleria AQUI

“AUF!AUF!” Ouvimos um murmúrio profundo que ressoa das profundezas do universo, uma explosão de som e sombra que nos arrasta para o abismo das nossas próprias emoções. São uma declaração de amor, perda, esperança e desespero. São os relâmpagos numa noite sem lua, que cortam o céu de um silêncio perturbador, trazem à tona a essência crua do ser. As guitarras, pesadas e enigmáticas, carregam o peso do cosmos, enquanto a bateria, marca o compasso de um batimento cardíaco sinistro e exaltante.

Ya! São so C.O.F.F.I.N!! A voz, entre-cortada de emoção e dor, é um lamento que atravessa as camadas da existência, ecoando nas cavernas do subconsciente. É um sussurro de segredos esquecidos, um grito de almas perdidas que se encontram numa coreografia sombria.

Em trinta anos de existência, nunca vi tanto stage dive por nano segundo! SUBLIME! RIDERS PARADISE!! – Há poucos registos, porque só quem viveu sabe!!

It’s gonna save your head, It’s gonna save your soul.” – one-dimensional and no threat!  Poemas sombrios, narram sonhos interrompidos e esperanças desfeitas com uma sinceridade afiada, em vez da fuga, encontramos uma conexão com a essência mais profunda da existência, lembrando que, mesmo nas trevas mais densas, a luz da emoção nunca se apaga.

Seguem-se os Colour Haze, fiquei chateada! Para mim, são como um suspiro etéreo que emerge das brumas do tempo, uma névoa sonora que flutua entre as memórias do passado e as visões do futuro. Gostava de os ter visto noutro slot, num universo de texturas delicadas e atmosferas envolventes, como se os sons fossem ecos de um sonho coletivo. Oportunidades não vão faltar, espero.

Truckfighters ou super heróis ? Prefiro super heróis! No entanto, é impossível ficar indiferente a presença de Dango (guitarra), parte essencial da experiência, que traz uma intensidade e uma paixão que são palpáveis tanto para os ouvintes quanto para os espetadores. A sua dedicação ao stoner rock têm sido memorável e inexplicável, e o domínio das dinâmicas de banda são elementos-chave que sustentam o impacto e a energia ao vivo da banda.

Fotogaleria AQUI

A conversa está boa, orbita conectada e alinhada – Vamos então levantar voo e dançar para Skemer! BIG FAT JUICY SPLIFTAAAA! LET’S FUCKING GO! Dancei duas musicas e acabou! Fiquei triste e desolada, por segundos.– As conexões que criamos com quem está a nossa volta, valem mais que dez mil acts. Ainda bem que está na hora de ir para aquele palco pequenino que levanta pó e nos transporta numa viagem à volta do hemisfério NORTE!

Fotogaleria AQUI

Com Idle Hand, deu-se um ritual de pura intensidade e sinceridade. A guitarra afiada como lâminas, cortam o ar com uma precisão quase mística, enquanto a bateria pulsa como uma besta mitológica, ressoando com a força primordial de uma tempestade. E, no meio da tempestade, há uma humildade palpável, uma conexão genuína que transcende a grandiosidade do espetáculo. O “líder” da banda, com a sinceridade estampada no rosto, partilha a magia da música como  um ato de devoção que ultrapassa a vaidade e se aninha no coração dos presentes. Há uma beleza na simplicidade do momento, um reconhecimento de que, apesar da grandiosidade do som e da energia, somos todos iguais na procura por significado e pertença.

A energia de Idle Hand é uma corrente elétrica, uma força vital que percorre cada fibra do corpo, transbordando em riffs estrondosos e vocais que gritam a verdade nua e crua.

Agora sim, ergue-se um templo de conexão e transcendência. OS PIRATAS DERAM A COSTA! O sentido de comunidade manifesta-se sob a luz treme-luzente. A festa que se faz do recinto ao campismos, é uma dança de igualdade, onde a diversidade das vidas e histórias se fundem no meio do caos e da beleza crua.

Foi até ao sol se raiar, parar é morrer. – É um dia de quarenta e duas horas!

Contemplar a Mãe Natureza como um convite para desacelerar, respirar e reconectar com a essência da existência, enquanto sinto o murmúrio dos riachos e o suspiro das árvores é como abraçar uma sinfonia primordial.

Bom! Bora lá ver as lendas e dar mais um pouquinho de chacho

Brant Bjork tem mais de um quarto de século de história no desert rock californiano, começa com Mario Lalli em Fatso Jetson e segue com baterias e composições em Kyuss e Fu Manchu. Uma narrativa sinuosa de criatividade implacável e destemida. Rock e groove do deserto de alta qualidade, com uma linha de baixo que até te torce a espinha. –  Não fica muito melhor do que isso.

Em Night Beats, tivemos arranjos espetaculares, produção e tom de baixo incríveis, e todos os pequenos sinos e brilhos mágicos. O groooove esteve incrivelmente presente.

Fotogaleria AQUI

Já a noite tinha caído, e com SLIFT, houve momentos que tanto me movia e fluía em simultâneo com a música, e outros em que tudo soava tão monumental que simplesmente permanecia parada em completo assombro a tentar compreender o que estava acontecer diante de mim. OH MON DIEU, C’EST MAGNIFIQUE!! Estou lá na nave espacial com eles, SPLENDIDE!

Fotogaleria AQUI

Se o retorno de Power Trip é um desejo que o tempo não pode satisfazer, Fugitive emerge como uma ferida aberta. O som destes miúdos do Texas, é uma ode ao espírito rebelde,que combina uma ferocidade e técnica impecável. Um espetáculo sonoro catártico e destrutivo,um grito de guerra contra a opressão e a banalidade. Enraizados no thrash metal, são uma facada no coração da complacência, que desafia os limites da intensidade e brutalidade. Eles vivem e respiram a revolução sonora – e ainda acampam à minha frente! Icónicos!

Fotogaleria AQUI

Com um som que mistura a ferocidade do rock de garagem, a intensidade do meu tão querido punk/rock e a exuberância do psicadélico, os Wine Lips criam um turbilhão de riffs contagiosos e ritmos frenéticos que desafiam a monotonia.

São a prova de que, na era da superficialidade, a autenticidade ainda pode queimar com a mesma intensidade de uma estrela em colapso. Cada acorde é um soco no estômago, cada verso uma provocação à ordem estabelecida. Eles não tocam, ele incendeiam o palco com uma energia vibrante e uma paixão indomável que ecoa na  alma de qualquer pessoa que lhes atravessa pelo caminho. São uma explosão elétrica de puro vigor como aquele café com cheirinho depois do jantar! Embriagando os sentidos com uma mistura perfeita de melodia e na harmonia do caos.

Foi uma celebração intensa da rebeldia e da criatividade desinibida, onde o público é arrastado para uma corrente de energia avassaladora.

Fotogaleria AQUI

Sente-se a nódoa densa do espírito Nortenho e do Alto Minho! Vem aí mais uma tempestade sonora! O mundo é um buraco, e Cobrafuma é amor!

A presença ao vivo da banda é uma celebração da intensidade, e fica ali lado a lado ao que se viveu em Idle Hand. Deu-se um mergulho profundo na energia bruta e na paixão desmedida que define o verdadeiro espírito do rock! Cobrafuma é a prova de que, em Portugal, a força e a inovação sonora continua a evoluir, levando o público a explorar os limites da experiência musical. – OUSADIA VISCERAL!

Patriotismos a parte, a medalha olímpica é nossa!

Ficamos no auge, no pico da adrenalina, e aqui, tenho que tirar o chapéu a curadoria – estava a ver que não!

 Silvershark foi ótimo para acalmar os ânimos, relaxar e deixar o corpo assentar e conviver um bocadinho. Enquanto a poeira assenta e as portas do recinto se fecham, a sensação de comunidade perdura. Vamos com uma lembrança vívida de que, mesmo no meio do caos, há um espaço de acolhimento e compreensão.

Com um sentimento de realização e gratidão, levo comigo a certeza de que, unidos pela paixão e pela energia que define a nossa experiência partilhada, encontramos um lar.- QUEREMOS MAIS ARTE BLASTIES!

Para o ano há mais Rolling Stone! BISOUS!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *