Moonspell no MEO Arena: Três Décadas de Metal em Alta Rotação

Apesar de inúmeros álbuns aclamados como Wolfheart, Irreligious (o meu favorito), Memorial e 1755, bem como vários sucessos como Alma Mater e Opium, os rapazes da Amadora continuam a cimentar o seu legado no Metal Europeu! O teor lírico do vocalista Fernando Ribeiro, em torno de temáticas como melancolia, escuridão, espiritualidade e misticismo, mantém-se um elemento identitário dos ‘metaleiros’ góticos e uma fonte de inspiração para várias gerações – para os curiosos, o primeiro nome do grupo foi Morbid God.

Iniciado às 22h, fomos imediatamente transportados para um universo paradoxalmente tradicional e místico, ao leme da elegância sinfónica de convidados inéditos – a Orquestra Sinfonietta de Lisboa – que, em sintonia com o baterista Hugo Ribeiro, nos conduziram numa jornada convergente entre o heavy metal e a música clássica. Sob a direção do maestro Vasco Pearce de Azevedo e com os arranjos do compositor Filipe Melo, o ensemble juntou-se à banda numa viagem pela história nacional e pelos grandes êxitos ao longo das décadas, começando com seis faixas que homenageiam Lisboa e os seus conterrâneos! Integradas no álbum 1755 — projeto conceptual sobre a história do terramoto lisboeta — destaco as atuações da faixa homónima e Ruínas.

A adição das secções de cordas e de sopro para uma profundidade musical ainda mais enigmática em êxitos como Extinct, Vampiria e Full Moon Madness. Aliado à bateria sincopada e à guitarra elétrica distorcida, estes elementos criaram uma atmosfera gregoriano-cinemática – representada pelo vestuário do coro da orquestra – onde o engrandecido e o tradicional se encontravam. A noite foi potenciada por um espetáculo cheio de pirotecnia e efeitos de fogo, bem como pelo patriotismo via painéis iluminados com as cores de Portugal.

Contudo, nada superou a presença de palco do vocalista Fernando Ribeiro! O ponto alto aconteceu quando se virou para um fã e lhe pediu emprestada a sua bandeira lusa, onde estavam gravados o nome do grupo e do seu icónico hino Alma Mater, levando o público à loucura total com os horns bem altos! Não é todos os dias que podemos presenciar a junção de pólos que tanto se atraem, como o Metal e o clássico. São dois géneros bastante complexos, tanto a nível instrumental como composicional, e igualmente relevados por Ribeiro ao longo da noite. O público acolheu os dois estilos ao longo das 15 faixas e 1h30m de atuação, culminando numa ovação de pé ao maestro, à orquestra e à banda.

A diversidade de idades (entre os 20 e os 55 anos) e de diferentes grupos sociais (amigos, casais e ‘lobos solitários’) era evidente, com todos a partilharem uma grande paixão por Metal e pela música dos Moonspell. “Vamos numa aventura durante 1 mês pela Europa, mas levamos este concerto nos nossos corações”, afirmou Fernando Ribeiro.

Gostei muito da proximidade do vocalista com a plateia, agradecendo aos portugueses, aos estrangeiros como aos que assistiam através do livestream. Espero que cada vez mais artistas nacionais se desafiem a explorar novos territórios musicais. Acredito que tenha sido desafiante observar o que ocorria no palco com tantos músicos concentrados num só espaço, especialmente tendo em conta que, em termos acústicos, o MEO Arena não é uma das minhas salas de eleição. Houve momentos em que senti falta de perceção frequencial do ensemble e dos médio-graves do baixo. Ainda assim, deixo os meus parabéns a todos os envolvidos! Se tiverem oportunidade não percam os Moonspell ao vivo e, se puderem, aproveitem para os ver agora na digressão pela Europa. Garanto que vale a pena!

Segue toda a cobertura de outros concertos e festivais em território nacional através do website e das redes sociais da CONTRABANDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *