God Is An Astronaut: um som espacial que viajou até ao Porto
A banda irlandesa atuou na Casa da Música na passada sexta-feira e contou com os suecos Oh Hiroshima como banda de abertura.
A primeira vez que os God Is An Astronaut (GIAA) atuaram no nosso país foi em 2006, altura em que escolheram os, então emergentes, Linda Martini para fazerem a abertura dos dois concertos. Um #FunFact é que os GIAA foram também os responsáveis pela masterização do primeiro EP da banda portuguesa.
Desta vez, a abertura do concerto ficou a cargo dos Oh Hiroshima, uma banda sueca com fortes inspirações post-rock como se pode perceber ao ouvir o primeiro tema da noite Veil of Certainty do seu último álbum Myriad, lançado em Março deste ano. Esta abertura incluiu também músicas mais introspetivas da banda, com letras bastante emocionais, como foi o caso de Holding Rivers do álbum In Silence We Yearn de 2015.
Definir um género musical para caracterizar um projeto é sempre um desafio que pode ou não agradar aos fãs e à própria banda. No caso dos God Is An Astronaut, quando surgiram em 2002 com o seu álbum The End of the Beginning, o seu estilo foi classificado como pós-rock, mas as suas músicas de três a sete minutos de duração eram bem mais curtas quando comparadas com alguns exemplos como: Mogwai fear Satan dos Mogwai e os seus espantosos 16 minutos e 19 segundos. Há quem classifique ainda os GIAA como uma banda de space rock, estilo ao qual também estão associados os Muse, e que é um género que se centra em texturas instrumentais que produzem um som hipnótico que parece ser de outro planeta. Ainda assim, não é o suficiente para descrever a sua música, nem outras tentativas como música ambiente, instrumental ou experimental.
Todos os que assistiram ao concerto, independentemente do género com que classificam a banda, puderam ouvir 13 bons exemplos dos seus já nove álbuns. O ambiente do espetáculo tinha uma mistura daqueles que saltavam com os sons mais intensos e os que desfrutavam da sua música melancólico-energética, do equilíbrio entre a bateria, as guitarras, os teclados e os sintetizadores. Dá que pensar o quanto nos esforçamos para usar palavras para descrever emoções e como é possível transmitir tantos sentimentos sem incluir uma única palavra.
Durante o concerto foi possível ouvir temas do seu primeiro álbum The End of the Beginning (2002), do tema título do álbum de 2005 All is Violent, all is Bright, alguns temas de Epitaph de 2018 e ainda o seu último Ghost Tapes #10 editado em 2021. A penúltima música foi Fade deste novo álbum e a música mais rápida de sempre da banda. Este quase final representou o movimento e a intensidade que caracterizam o último álbum que é assumidamente mais rock e eletrónico que os anteriores.
No momento do “só mais uma” foi explicado que existiam opiniões divergentes em relação ao tema. Lloyd Hanney e Niels Kinsella adoravam o charme de ir e voltar, já o seu irmão gémeo, Torsten Kinsella, e Jamie Dean achavam isso parvo, mas acediam ao desejo dos colegas pedindo ao público para se mostrar verdadeiramente admirado quando reaparecessem. Pedido a que o público acedeu, para fazer a vontade à banda ou, porque estava agradavelmente admirado com todo o espetáculo. Terminaram o concerto com Route 666 do seu primeiro álbum The End of the Beginning, e se é para terminarem que seja sempre só com o começo.
Texto: Rita Mendes
Revisão: Ana Duarte e Rui Cunha